Afinal, o que é a fé?

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Já inicio dizendo que não consigo responder essa questão. Fé...uma palavra tão usada e quase sempre banalizada. É desse modo que tenho visto tantas vezes as pessoas se referirem a essa dimensão da vida, que diria, talvez a mais importante.

Normalmente vemos fé associada a duendes, a amuletos, a pequenas “macumbas”, badulaques, elefantes de enfeite (claro que para tirar mau-olhado), imagens de buda, folhinhas da seicho-no-ie entre tantas outras coisas. Outras vezes associamos fé a uma pessoa que reza bastante ou que fique dia e noite com a televisão ligada em canais que falem de Deus. Vez por outra falamos de alguém e dizemos: “- Essa é uma pessoa de fé. Nunca vi igual, pois tudo o que ela pede a Deus, Ele atende!”. Quanta coisa vemos associada à fé, e às vezes até guerra. É diante desse quadro que nos encontramos, e talvez a resposta mais próxima e acertada seja a de dizer: “Fé é acreditar no que não se vê!” Mas será que é algo tão simplista assim?

Primeiramente, a noção mais antiga que temos de fé é o modo de ser conduzido a algo mais perfeito e completo, é o primeiro caminho que nos associa e nos conduz à verdade, e não às opiniões. Quem conseguiu constatar isso foi Parmênides, um filósofo do século V a.C., ao dizer que em nossa vida nos deparamos com um caminho, percorrido pelos mortais, que é cheio de opiniões, e um outro caminho, do qual esse primeiro depende, que é o da verdade, cuja fé, possibilita ao homem encontrar essa da qual falamos. O que nos interessa aqui é perceber que a fé (ainda sem dizer muito sobre ela) é algo que nos possibilita acessar algo mais perfeito: a Verdade. Ora, Jesus é quem diz em Jo 14, “Eu sou o caminho, a verdade e a vida.”, o que de imediato podemos até suspeitar, não há como chegar a Deus, o perfeito, por excelência, sem a Fé. Em segundo lugar, essa fé, que tentamos tocar com o conhecimento, é algo que não pode ser apenas um dom natural, pois se o fosse a eternidade já seria realidade natural também. Assim, a fé como algo que nos conduz a uma realidade superior a essa em que vivemos deve ser uma abertura do próprio divino que para ser conhecido se mostra, se revela. Nós o encontramos pela fé, que provém dele mesmo. Nesse sentido, a fé pode ser comparada ao olhar físico, pois assim como os olhos permite-nos enxergar o que está ao nosso redor, a fé nos permite contemplar a realidade mais profunda, ou seja, a verdade, inclusive da própria realidade que nos circunda.

A fé é algo que toma a nossa segurança, sabendo que nossa limitação física e espaçotemporal não pode ser a razão profunda dela - o que nos caracteriza como seres dependentes -, e coloca a autêntica segurança no lugar: a Verdade, que nos abre o coração à realidade maior que nossa certeza incerta. Sendo assim, não posso ter um acesso exclusivista a tal verdade, pois sendo algo superior a mim, e além de mim mesmo, é acessível não apenas a mim, mas às partes. Essas partes tem nome: nós. É por isso que não dá pra dizer de fé sem um aspecto comum, que nos une como um só povo, um só corpo, uma só esposa de Cristo. É na unidade da Igreja que nos encontramos com o Ressuscitado e suas maravilhas. É por isso inclusive que a fé tem uma expressão prática também, realizado pelos membros individuais, mas na expressão comum - a Igreja.
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